Um passo de classe, gato
Um pulo certeiro nato
O som do silêncio soa
A presa assustada voa
Da mira do caçador
Eu admirada penso
Que neste episódio tenso
Houve uma coreografia
Dos dois artistas que via
À luz de seu diretor
Le chat... et les oiseaux!
Eu em Letras
Monday, February 2, 2015
Monday, July 7, 2014
Quem matou o gato?
Deitado o
gato jazia
No corpo que
não sabia
Há espasmos!
Estamos pasmos!
Humano não
foi.
Repousa de
lado
Dissolvendo
seu corpo
Está morto.
Envenenado?
Não...
Briga de
gato, cachorro, acidente
Humano não
foi
É vida
inteligente.
Humano constrói
Tem vida e
sentimento
Quem matou
o gato?
Seu corpo
ao relento
No velório
solitário
O luar por
entre as nuvens
Forma um
belo cenário
Cadê o
assassino?
O gato comeu
Veneno de
rato
Humano não
foi...
Retira-se o criminoso
Fartou-se
de seus venenos diários
Deita-se de
lado
Resmunga
E apaga luz
Que nunca
teve
As letras em mim
Cá estou novamente. Vivendo há mais de dois anos de hiato deste blog.
Gosto de voltar aqui e ler algumas postagens antigas. Imagino que amadureci, pois mudei de opinião sobre algumas coisas. Mas mantenho as postagens. Afinal, este é um blog de reencontros comigo mesma. Com as minhas velhas piadas, gavetas baguçadas e frases perdidas.
Gostaria de comunicar a todos os meus fãs (oi? Alguém por aí? BEIJO, MÃE!) que participo deste blog supimpa:
Eu prometo que este blog daí de cima não tem nada de deprê e intimista como este aqui, tá? É um blog musical de humor feito com muito carinho por 5 amigos que não tem o que fazer da vida. Vale a pena ;)
Então é isso. Daqui a pouco venho com a postagem que me motivou a voltar.
AGUARDEMMMMMM
Friday, February 4, 2011
Prestissimo
Certas decisões tomadas após muito pensar me fizeram refletir sobre uma questão importante: por que temos pressa?
A sociedade atual exige que sejamos rápidos nos gestos, ações e pensamentos. Isto é saudável? Acelerar o nosso ritmo natural gera males físicos e psicológicos, que podem nos acompanhar por toda a vida.
Observemos à nossa volta. Há crianças que abandonam prematuramente suas infâncias pela pressa de crescer. Limitam-se a imitar os adultos nas suas roupas, gostos e manias. Não vivem seus momentos únicos. Não amadurecem. Serão elas futuras mães e pais. Despreparados, perdidos, mal resolvidos, amargurados...
Num outro patamar, podemos ver adolescentes desesperados por um título de aceitação na sociedade: o diploma universitário. Muitos, ansiosos e pressionados pelo fim do ensino médio e pela entrada na faculdade, acabam por escolher um curso qualquer. Uma carreira qualquer. Para serem jogados de volta à sociedade dali 3 ou 5 anos com diploma na mão e a infeliz descoberta: ser mais um.
Quantos talentos escondidos?
Existe uma mentalidade muito forte na sociedade atual que valoriza mais títulos que talentos. Diante disso, questiono: de que adianta um diploma sem o amor pela profissão? Estamos formando a cada ano legiões de advogados, engenheiros, pedagogos, administradores, médicos, psicólogos... e pouquíssimos profissionais. Parece irracional, mas não é. Basta olhar para o advogado que não passou na OAB, para a pedagoga que foi trabalhar no comércio, para o médico irresponsável, para o professor estúpido, para o psicólogo imbecil, para o político corrupto.
Quantos anos de estudo e desgaste perdidos?
Eis aqui um apelo:
Vamos formar cidadãos éticos, honestos, felizes. Que se tornem bons pais, bons amigos, bons profissionais.
Antes de entregarmos a eles meros diplomas.
Wednesday, January 19, 2011
Colagens sobre o silêncio

"Não há nada tão sublime ou atordoante em música como o silêncio"
Pare. Escute.
Ouça o silêncio.
O silêncio é repleto de som.
John Cage, em seus experimentos a respeito do silêncio, certa vez se enclausurou em uma cabine totalmente à prova de som.
Entretanto, pôde ouvir dois sons, sendo um deles agudo e outro grave.
"Quando eu os descrevi para o engenheiro responsável, ele me informou que o agudo era meu próprio sistema nervoso em funcionamento, e o grave era meu sangue circulando."
O silêncio atrai o silêncio.
Em um ambiente barulhento, somos induzidos a produzir som.
Em um ambiente silencioso, silenciamos.
Mas, contemplar um ambiente de silêncio absoluto, isso é negativo e aterrorizante.
Le silence éternal de ces espaces infinis m'effraye.
(O silêncio eterno desses espaços infinitos me assusta.)
Pascal
Do livro "O ouvido pensante" de Murray Schafer
Sunday, November 28, 2010
Autoafirmação
Como afirmar uma personalidade, diante das diversas situações pelas quais passamos diariamente? Não é fácil ser coerente com o que acreditamos e com as pressões e modismos do mundo. Mais difícil ainda é seguir em frente confiando em si mesmo, enquanto tantos nos puxam para trás e torcem pela nossa derrota. O poema que segue nada mais é que um grito de liberdade. Saiu da alma, meio sem métrica e forma definida. Nostálgico, busca um resgate da minha essência diante de todos os meus conflitos. É uma pausa, um desabafo. Mais uma conversa comigo mesma. Sujeita a futuras modificações...
Soneto estrambótico*
Me deixa ser que eu sou só começo
e sei que me esqueço do que não completa.
Eu nem sou poeta, às vezes me arrisco
Soltando alguns versos ariscos, dispersos.
Me deixa ser que eu sou só confusão.
Não tenho compasso nem filosofia.
Vivo um sentimento a cada momento
O dia, o espaço, o meu tempo eu faço
Sou caligrafia e pele e contato
A melancolia de um porta-retrato
Sou tudo o que sei e o que vou conhecer
Sou janela aberta, o vento que dança,
A música certa na voz da criança
Não tente entender, só me deixa ser
Me deixa ser um estranho apenas
que só sabe amar essas coisas pequenas.
Não vá rotulando essa liberdade
Que amar sem apego é a minha verdade.
Composto em 12/11/2010 por Fernanda Dearo
A primeira pessoa que leu isto foi Tokinho, grande amigo e músico. Pedi a ele então que colocasse uma melodia para a gente ver no que dava. E ficou ótimo! Artista é assim, quer que sua arte seja completa, e poesia e música se completam. Grata, Tokinho! Pelo tempo, disposição e inspiração!
*Estrambótico é o soneto que foge da forma original por conter versos excedentes.
**Acessem também: www.apoesiaconcertante.blogspot.com
Friday, July 9, 2010
De tudo se faz canção

Eu tenho em mim uma certa melancolia que permanece intacta, apertada... até que explode em forma de canção. É assim, desde a infância. A música é quem me acompanha, nas suas diversas formas. Canto para me libertar das angústias, dos conflitos da idade, de todas as minhas imperfeições... principalmente aquelas que não controlo ou não compreendo. Canto porque choro, sorrio, me agito ou me entedio. Canto porque o instante existe, diria o poeta. Canto porque amo.
E sigo assim. Descobri há tempos uma afinidade com o piano. Afinidade que não se resume a algumas técnicas. Eu diria que é até distante destas... é mais uma sintonia obrigatória. Um vício, uma paixão. É o alívio de traduzir nas teclas o que não sei descrever em palavras. As agonias, os amores, as dúvidas, os fracassos, as alegrias... o silêncio, a solidão. Alguém me disse que tocar piano é um pouco solitário. Combina comigo.

A poesia também me encanta. Acho incrível quem consegue escrever de forma tão bela. Unida à música chega à perfeição. Chico, Vinícius, Jobim, Lô Borges, Lenine... é o que me põe de pé. É o que mudou a minha vida, aliás... Ouvir Milton cantando 'Beatriz' pela primeira vez foi quase um golpe. E ver Wagner Tiso ao vivo tocando 'Eu sei que vou te amar' no momento perfeito, com um arranjo simples e ao mesmo tempo tão expressivo e emocionante, me fez ver que a música é mais do que regras, postura, mão, técnica. É se comunicar. Colocar pra fora o que há de bonito dentro de você. Isso é tão pessoal que ninguém ensina. A gente é que vai experimentando...
E descobrindo que música é amor. E qualquer maneira de amor vale a pena.
Subscribe to:
Posts (Atom)