Sunday, November 28, 2010

Autoafirmação

Como afirmar uma personalidade, diante das diversas situações pelas quais passamos diariamente? Não é fácil ser coerente com o que acreditamos e com as pressões e modismos do mundo. Mais difícil ainda é seguir em frente confiando em si mesmo, enquanto tantos nos puxam para trás e torcem pela nossa derrota. O poema que segue nada mais é que um grito de liberdade. Saiu da alma, meio sem métrica e forma definida. Nostálgico, busca um resgate da minha essência diante de todos os meus conflitos. É uma pausa, um desabafo. Mais uma conversa comigo mesma. Sujeita a futuras modificações...


Soneto estrambótico*

Me deixa ser que eu sou só começo
e sei que me esqueço do que não completa.
Eu nem sou poeta, às vezes me arrisco
Soltando alguns versos ariscos, dispersos.

Me deixa ser que eu sou só confusão.
Não tenho compasso nem filosofia.
Vivo um sentimento a cada momento
O dia, o espaço, o meu tempo eu faço

Sou caligrafia e pele e contato
A melancolia de um porta-retrato
Sou tudo o que sei e o que vou conhecer

Sou janela aberta, o vento que dança,
A música certa na voz da criança
Não tente entender, só me deixa ser

Me deixa ser um estranho apenas
que só sabe amar essas coisas pequenas.
Não vá rotulando essa liberdade
Que amar sem apego é a minha verdade.

Composto em 12/11/2010 por Fernanda Dearo

A primeira pessoa que leu isto foi Tokinho, grande amigo e músico. Pedi a ele então que colocasse uma melodia para a gente ver no que dava. E ficou ótimo! Artista é assim, quer que sua arte seja completa, e poesia e música se completam. Grata, Tokinho! Pelo tempo, disposição e inspiração!


*Estrambótico é o soneto que foge da forma original por conter versos excedentes.
**Acessem também: www.apoesiaconcertante.blogspot.com

Friday, July 9, 2010

De tudo se faz canção

Eu tenho em mim uma certa melancolia que permanece intacta, apertada... até que explode em forma de canção. É assim, desde a infância. A música é quem me acompanha, nas suas diversas formas. Canto para me libertar das angústias, dos conflitos da idade, de todas as minhas imperfeições... principalmente aquelas que não controlo ou não compreendo. Canto porque choro, sorrio, me agito ou me entedio. Canto porque o instante existe, diria o poeta. Canto porque amo.

E sigo assim. Descobri há tempos uma afinidade com o piano. Afinidade que não se resume a algumas técnicas. Eu diria que é até distante destas... é mais uma sintonia obrigatória. Um vício, uma paixão. É o alívio de traduzir nas teclas o que não sei descrever em palavras. As agonias, os amores, as dúvidas, os fracassos, as alegrias... o silêncio, a solidão. Alguém me disse que tocar piano é um pouco solitário. Combina comigo.

A poesia também me encanta. Acho incrível quem consegue escrever de forma tão bela. Unida à música chega à perfeição. Chico, Vinícius, Jobim, Lô Borges, Lenine... é o que me põe de pé. É o que mudou a minha vida, aliás... Ouvir Milton cantando 'Beatriz' pela primeira vez foi quase um golpe. E ver Wagner Tiso ao vivo tocando 'Eu sei que vou te amar' no momento perfeito, com um arranjo simples e ao mesmo tempo tão expressivo e emocionante, me fez ver que a música é mais do que regras, postura, mão, técnica. É se comunicar. Colocar pra fora o que há de bonito dentro de você. Isso é tão pessoal que ninguém ensina. A gente é que vai experimentando...

E descobrindo que música é amor. E qualquer maneira de amor vale a pena.

Thursday, April 15, 2010

Amor... é?

"Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que doi e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer"

Ah, o amor... que move o mundo desde o seu início. Move as vidas humanas. A gente nasce, cresce e se enche de problemas... e a única razão pra continuar vivendo é o amor. Mas há um equívoco na ideia desse sentimento tão sutil que prevalece na mentalidade humana. Camões e todos os românticos que me perdoem, mas em suma, não conheciam o amor.

E não só eles, como todos nós, pobres mortais, já sofremos desse engano. É porque lá no fundo, camuflada entre belas imagens e a busca pelo prazer, está a famosa e sedutora paixão. Ela, traiçoeira por excelência, é vendida tal gato por lebre aos quatro ventos, com o nome de amor. É ela que cega, algema, e mata qualquer ser humano.

Já o amor... é tão complexo que eu temo descrevê-lo em palavras. Porque amar é um exercício diário de desapego, de entrega. Da busca pelo prazer do próximo, o que é contrário à paixão, que nos induz à satisfação dos nossos próprios prazeres. Amar é deixar livre a pessoa amada, sem apego, sem exigências. É doar-se, é querer bem, com respeito e cuidado. É sentir prazer simplesmente por estar na companhia de alguém, e isso é eterno. Em todas as suas formas. E nada do que se faz por amor se perde. Fica na alma, mesmo que incompreendido.
E eu confesso, sem receio, que acho o amor muito complexo. Espero algum dia vivê-lo e entendê-lo dessa forma plena; pois embora haja esforço os meus sentimentos, hormônios e a própria sociedade me levam a cometer erros. Mas não desistirei.

Porque o amor é a única coisa não-perecível na vida.


*Para Flávio, que caminha comigo pacientemente, no meu aprendizado de amar.

Sunday, April 4, 2010

Reflexões sobre o tempo - em pleno inferno astral

Sim, caro leitor... o tempo passa para todos. E cá estou, prestes a pisar nos meus 19 anos com uma leve impressão de que o tempo passou rápido demais. Certa vez li num livro de história que essa impressão deve-se a muitas mudanças acontecendo ao mesmo tempo. Quando as coisas são monótonas e rotineiras, temos a impressão contrária. É como comparar meia hora curtindo com os amigos a meia hora esperando um vídeo carregar no youtube...

E pra mim, 5 de abril é a data mais nostálgica do ano. É hora de lembrar, involuntariamente, dos aniversários anteriores. De quando meu tio se vestiu de palhaço na festa e eu chorei de medo, das festas na escola - uma em que eu dei piti depois porque meus pais iam embora, e outra em que minha mãe fez o favor de me vestir de coelho e me embrulhar num lençol pra ser o ovo de páscoa da galera... da festinha de 7 anos em que minha mãe brigou porque meus amigos pegaram copos descartáveis pra conseguir mais bala do balão que estoura... e de quando eu parei de ligar pra aniversários.

A partir daí, eles foram mais sinceros. Pra resumir, uma vez jantei com a família numa churrascaria... e há suspeitas de que meu primo tenha quebrado o painel de vidro. Fiz festa com uma amiga que faz aniversário na mesma semana, e por fim... ano passado, estreando meus 18 anos, planejei assistir 'Operação Valquíria' com bons amigos, em pleno domingão.

O mais legal foi que erramos o horário do filme. E pra não perder a viagem, assistimos a 'Pagando bem, que mal tem'. Pra quem não viu, basta dizer que você realmente precisa ter 18 anos pra assistir, devido às suas cenas ridiculamente picantes... Ta, foi engraçado. Mas eu não ri...

Agora resta curtir o inevitável. Fazer 19 anos dá uma sensação de que está chegando a vida adulta... da qual, infelizmente, não há escapatória. Que bom seria se eu pudesse ser eternamente adolescente... síndrome de peter pan?

E este foi o meu último post com 18 anos.

Monday, March 22, 2010

Amar é

Amar é amanhecer
E olhar a maré
Amar é maresia

Amar a seu modo
Rimar. Amar é padecer
Derramar poesia

É mistério, é mito, é miragem
Ferida, viagem
Delirio sem cura

Loucura é amar a manhã
amarela
e da noite mais bela
viver à procura

Amar é esperar
a maré te tomar
e pirar

e parar


de respirar



(28/05/2008)

Este é o ápice da adolescência. Nunca fui de escrever poemas, mas gosto dele. Apesar de achar o amor algo complexo demais para ser definido, ainda mais nesta fase em que não temos muita experiência e tudo se confunde num turbilhão de emoções. Preferi investir nas aliterações e no jogo de palavras e acabei ganhando o concurso da escola*. Quem nunca se apaixonou, que atire a primeira pedra...

*aham, Cláudia, senta lá!

De volta

Sim, arianos são ótimos para começar coisas. Inventam, fogem da rotina, sempre encontram disposição para criar o novo - e o novo de novo. E eu, nascida a 5 de abril de 1991, encaixo-me perfeitamente nesse perfil. Improviso, brinco com o tempo, fujo do mesmo. Num âmbito menor, aqui estou. Começando denovo meu blog.
"Eu em letras" resumia-se num pequeno diário atualizado de mês em mês - e olhe lá... Pobre dele... desisti de postar. Mas o fato é que dias atrás lá estava eu, na 30ª tentativa de arrumar umas gavetas. Acho graça nessas situações. Gavetas são mágicas, você não deve arrumá-las sempre. Espere um tempo até que elas acumulem muito lixo e memórias engraçadas... aí é a hora de revirar tudo. E nesse pique, encontrei alguns textos meus, da época do colégio*. Interessante como mudaram de sabor... vários foram feitos na pressão para conseguir uns meros 5 pontos, mas carregam boas lembranças, e muito de mim.

Portanto caro amigo, estou de volta. Para escrever coisas que talvez só façam sentido para mim... mas quem se importa?
Escrever é arte, é como conversar consigo.
É desenhar-se no papel... em letras.
Here we go!**

*Colocação nostálgica demais para uma garota de 18 anos, não acham?
** Tinha esquecido de como é difícil terminar uma postagem de forma original. Esta não foi."