Friday, July 9, 2010

De tudo se faz canção

Eu tenho em mim uma certa melancolia que permanece intacta, apertada... até que explode em forma de canção. É assim, desde a infância. A música é quem me acompanha, nas suas diversas formas. Canto para me libertar das angústias, dos conflitos da idade, de todas as minhas imperfeições... principalmente aquelas que não controlo ou não compreendo. Canto porque choro, sorrio, me agito ou me entedio. Canto porque o instante existe, diria o poeta. Canto porque amo.

E sigo assim. Descobri há tempos uma afinidade com o piano. Afinidade que não se resume a algumas técnicas. Eu diria que é até distante destas... é mais uma sintonia obrigatória. Um vício, uma paixão. É o alívio de traduzir nas teclas o que não sei descrever em palavras. As agonias, os amores, as dúvidas, os fracassos, as alegrias... o silêncio, a solidão. Alguém me disse que tocar piano é um pouco solitário. Combina comigo.

A poesia também me encanta. Acho incrível quem consegue escrever de forma tão bela. Unida à música chega à perfeição. Chico, Vinícius, Jobim, Lô Borges, Lenine... é o que me põe de pé. É o que mudou a minha vida, aliás... Ouvir Milton cantando 'Beatriz' pela primeira vez foi quase um golpe. E ver Wagner Tiso ao vivo tocando 'Eu sei que vou te amar' no momento perfeito, com um arranjo simples e ao mesmo tempo tão expressivo e emocionante, me fez ver que a música é mais do que regras, postura, mão, técnica. É se comunicar. Colocar pra fora o que há de bonito dentro de você. Isso é tão pessoal que ninguém ensina. A gente é que vai experimentando...

E descobrindo que música é amor. E qualquer maneira de amor vale a pena.