Friday, February 4, 2011

Prestissimo

Certas decisões tomadas após muito pensar me fizeram refletir sobre uma questão importante: por que temos pressa?

A sociedade atual exige que sejamos rápidos nos gestos, ações e pensamentos. Isto é saudável? Acelerar o nosso ritmo natural gera males físicos e psicológicos, que podem nos acompanhar por toda a vida.

Observemos à nossa volta. Há crianças que abandonam prematuramente suas infâncias pela pressa de crescer. Limitam-se a imitar os adultos nas suas roupas, gostos e manias. Não vivem seus momentos únicos. Não amadurecem. Serão elas futuras mães e pais. Despreparados, perdidos, mal resolvidos, amargurados...

Num outro patamar, podemos ver adolescentes desesperados por um título de aceitação na sociedade: o diploma universitário. Muitos, ansiosos e pressionados pelo fim do ensino médio e pela entrada na faculdade, acabam por escolher um curso qualquer. Uma carreira qualquer. Para serem jogados de volta à sociedade dali 3 ou 5 anos com diploma na mão e a infeliz descoberta: ser mais um.

Quantos talentos escondidos?

Existe uma mentalidade muito forte na sociedade atual que valoriza mais títulos que talentos. Diante disso, questiono: de que adianta um diploma sem o amor pela profissão? Estamos formando a cada ano legiões de advogados, engenheiros, pedagogos, administradores, médicos, psicólogos... e pouquíssimos profissionais. Parece irracional, mas não é. Basta olhar para o advogado que não passou na OAB, para a pedagoga que foi trabalhar no comércio, para o médico irresponsável, para o professor estúpido, para o psicólogo imbecil, para o político corrupto.
Quantos anos de estudo e desgaste perdidos?

Eis aqui um apelo:

Vamos formar cidadãos éticos, honestos, felizes. Que se tornem bons pais, bons amigos, bons profissionais.

Antes de entregarmos a eles meros diplomas.

Wednesday, January 19, 2011

Colagens sobre o silêncio


"Não há nada tão sublime ou atordoante em música como o silêncio"

Pare. Escute.
Ouça o silêncio.
O silêncio é repleto de som.

John Cage, em seus experimentos a respeito do silêncio, certa vez se enclausurou em uma cabine totalmente à prova de som.

Entretanto, pôde ouvir dois sons, sendo um deles agudo e outro grave.

"Quando eu os descrevi para o engenheiro responsável, ele me informou que o agudo era meu próprio sistema nervoso em funcionamento, e o grave era meu sangue circulando."

O silêncio atrai o silêncio.
Em um ambiente barulhento, somos induzidos a produzir som.
Em um ambiente silencioso, silenciamos.

Mas, contemplar um ambiente de silêncio absoluto, isso é negativo e aterrorizante.

Le silence éternal de ces espaces infinis m'effraye.
(O silêncio eterno desses espaços infinitos me assusta.)
Pascal

Do livro "O ouvido pensante" de Murray Schafer